O projeto “Estudo etnobotânico, etnofarmacológico e fitoquímico de plantas medicinais utilizadas por ribeirinhos do Nordeste de Mato Grosso, Brasil” visa levantar informações sobre a flora medicinal usada pelas comunidades ribeirinhas da microrregião Araguaia Xingu, além de reconhecer e valorizar o saber popular no uso de plantas para fins terapêuticos.
A pesquisa está sendo realizada desde 2012 pelo doutorando Reginaldo Vicente Ribeiro, biólogo e professor do IFMT/Confresa. “Amplificar esses conhecimentos para outras pessoas; Orientar os moradores sobre técnicas de boas práticas para o preparo de produtos naturais terapêuticos; Contribuir para elaboração de estratégias de manejo, conservação e uso sustentável da biodiversidade e como algo talvez um pouco mais distante, a implantação de farmácias vivas e a descoberta de plantas como fonte de novos bioprodutos também são objetivos do projeto”.
Classificado como ambicioso e inédito, pelo professor, a pesquisa se propõe a identificar plantas medicinais usadas por ribeirinhos de quatorze municípios, além de selecionar as 30 espécies com maior indicação terapêutica pelas comunidades pesquisadas, mas que ainda são desprovidas de estudos que comprovem sua eficácia, com o objetivo de avaliar o potencial farmacológicos, a segurança, bem como a composição química das plantas selecionadas.
Reginaldo acredita que o conhecimento agrega valor e interesse da população e órgãos governamentais para a proteção ambiental de espécies biologicamente ativas.
Os ribeirinhos mais experientes no conhecimento das espécies vegetais medicinais foram indicados pelos próprios moradores das comunidades. “As atividades de campo em Ribeirão Cascalheira, senhor Olindo; Bom Jesus do Araguaia, Pastor Dirço; Novo Santo Antônio, dona Rosa, senhor Joao Nunes e professora Luzia; São Félix do Araguaia, Matuzalem e dona Joana; Santa Terezinha, seu Feliciano e em Vila Rica senhor José Manoel e dona Solange; Valdo da Silva, em Porto Alegre do Norte”.
A pesquisa tem alcançado resultados promissores. Os 60 especialistas locais ribeirinhos que foram entrevistados foram capazes de indicar e reconhecer mais de 300 espécies de plantas medicinais, das quais 73% são nativas. “Impressiona o grande conhecimento que os ribeirinhos dispõem, como a forma correta de coletar, preparar e proceder com as indicações terapêutica das plantas com maior eficácia”. Isso foi evidente, quando extratos de algumas espécies vegetais foram submetidas a ensaios farmacológicos em laboratórios, onde das 10 espécies de plantas indicadas testadas em ensaios antiúlcera, 8 foram eficazes em reduzir de forma significativa o processo ulcerogêncio em camundongos.
Todos os participantes da pesquisa, assim como a comunidade em geral será convidada à participar das reuniões para divulgação dos resultados obtidos, de seminários multidisciplinares, minicursos e palestras com as temáticas de uso sustentável de plantas medicinais. Eu irei coordenar a realização dessas atividades com o apoio do IFMT, campus Confresa.